quinta-feira, 25 de novembro de 2010

O Corvo [português--inglês] The Raven



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Esta é uma tradução literal feita do inglês para o português.

THE RAVEN


Once  upon a midnight dreary, while I pondered, weak and weary
Over  many a quaint and curious volume of forgotten lore
WhiIe I nodded, nearly napping, suddenly there came a tapping,
As of some one gently rapping, rapping at my chamber door.
Tis some visitor", I muttered, "tapping at my chamber door -
Only this and nothing more."


Ah! distinctly I remember il was in lhe bleak December,
And each separate dying ember Wrougbt its ghost upon lhe floor.
Eagerly I wíshed the morrow; - vainly I had sought to borrow
From my book surcease of sorrow - sorrow for lhe lost Lenore -
For the rare and radiant maiden whom lhe angels name Lenore -
Nameless here for evermore.


And the silken sad uncertain rustling of each purple curtain
Thrilled me - filled me wilh fantastic terrors never feld  before;
So thal now, to still the beating of my hearl, I stood repeating:
Tis some visitar entreating entrance at my chamber door;
This It is and nothing more."

O CORVO


UMA VEZ: eu refletia, à meia-noite erma e sombria,  a ler  doutrinas de outro tempo
em curiosíssimos manuais,  e, exausto, quase adormecido, ouvi de súbito um
ruido, qual se houvesse alguém batido à minha porta, devagar. É alguém - fiquei a
murmurar - que bate à porta, devagar; sim, é só isso e nada mais.


Ah! claramente eu o relembro! Era no gélido dezembro e o fogo,   agônico,
animava o chão de sombras fantasmais. Ansiando ver a noite finda, em vão, a ler,
buscava ainda algum remédio à amarga, infinda, atroz saudade de Lenora essa,
mais bela do que a aurora, a quem nos céus chamam Lenora e nome aqui já não
tem mais.


A seda rubra da cortina arfava em lúgubre surdina, arrepiando-me e evocando
ignotos medos sepulcrais. De susto, em pávida arritmia, o coração veloz batia e a
sossegá-lo eu repetia: "E um visitante e pede abrigo. Chegando tarde, algum
amigo está a bater e pede abrigo. É apenas isso e nada mais.






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Presently my soul grew stronger; hesitating then no longer,
"Sir", said I, "or Madam, truly your forgiveness I implore;
But the fact is I was napping, and so gently you came rapping,
And so faintly you came tapping, tapping at mv chamber door,
That I scarce was sure I heard vou" - here I opened wide the door
Darkness there and nothing more.


Depp into that darkness peering, long I stood there wondering, fearing,
Doubting, dreaming dreams no mortals ever dared to dream before;
But lhe silence was unbroken, and lhe stillness gave no token.
And lhe only word there spoken was the whispered word. "Lenore!'
This I whispered, and an echo murmured back the word. "Lenore!
Merely this and nothing more.


Back into lhe chamber turning, all my soul within me burning,
Soon again I heard a tapping something louder than before.
"Surely", said I, "surely that is something at my window lattice;
Let me see, then, what thereat is, and this mystery explore -
Let my heart be still a moment, and this mystery explore; -
Tis the wind and nothing more.


Open here I flung lhe shutter, when, with many a flirt and flutter
In there stepped a stately Raven of the saintly days of yore.
Not the Ieast obeisance made he; not a minute stopped or’ stayed he
But, with mien or lord or lady, perched above my chamber door -
Perched upon a bust of Pallas just above my chamber door -
Perched, and sat, and nothing more






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Ergui-me após e, calmo enfim, sem hesitar, falei assim:
"Perdoai, senhora, ou meu senhor, se há muito aí fora me esperais mas é que
estava adormecido e foi tão débil o batido, que eu mal podia ter ouvido alguém
chamar à minha porta,  assim de leve, em hora morta." Escancarei então a porta -
escuridio, e nada mais.


Sondei a noite erma e tranquila, olhei-a fundo, a perquiri-la  sonhando sonhos que
ninguém, ninguém ousou sonhar iguais. Estarrecido de ânsia e medo, ante o
negror imoto e quedo só um nome ouvi (quase em segredo eu o dizia) e foi:
Lenora!
E o eco, em voz evocadora, o repetiu também: "Lenora!'
Depois, silêncio e nada mais.


Com a alma em febre, eu novamente entrei no quarto e, de repente mais forte, o
ruido recomeça e repercute nos vitrais.
É na janela" - penso então. - "Por que agitar-me de aflição? Conserva a calma,
coração ! É na janela, onde, agourento, o vento sopra. É só do vento esse rumor
surdo e agourento
E o vento só e nada mais.


Abro a janela e eis que, em tumulto, a esvoaçar, penetra um vulto : - é um Corvo
hierático e soberbo, egresso de eras ancestrais.  Como um fidalgo passa, augusto
e, sem notar sequer meu susto,  adeja e pousa sobre o busto - uma escultura de
Minerva; bem sobre a porta; e se conserva ali, no busto de Minerva empoleirado e
nada mais.





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Then this ebony bird beguiling my sad fancy into smiling,
By the grave and stern decorum of lhe countenance it wore,
Thoug thy crest be shorn and shaven, thou", I said, "art sure no craven,
Gastly grim and ancient Raven wandering from lhe Nightly ahore -
Tell me what thy lordly name is on lhe Night's Plutonian shore!"
Quoth the Raven, "Nevermore


Much I marvelled this ungainly fowl to hear discourse ao plairly,
Though its answer little meaning - little relevancy bore;
For we cannot help agreeing that no living human being .
Ever  yet was blessed with seeing bird above his chamber door -
Bird or beast upon lhe sculptured bust above his chamber door
With such name as "Nevermore".


But lhe Raven, sitting lonely on that placid bust, spoke only
That one word, as if bis soul in that one word he did outpour.
Nothing farther then be muttered; not a feather then he fluttered -
Till I scarcely more than muttered: "Olher friends have flown before -
On the morrow he will leave me as my Hopes have flown before."
Then the bird said, "Nevermore".


Startled at lhe stillness broken by reply so aptly spoken,
Doubtless", said I, "what it utters is its only stock and store,
Caught from some unhappy master whom unmerciful Disaster
Followed fast and followed faster till his songs one burden bore -
Thill the dirges of his Hope that melancholy burden bore
Of  Never - nevermore."







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Ao ver da ave austera e escura a solenissima figura,
desperta em mim um leve riso, a distrair-me de meus ais.
Sem  crista embora, ó Corvo antigo e singular" - então lhe digo -
não  tens pavor. Fala  comigo, alma da noite, espectro torvo, qual é teu nome, ó
nobre Corvo, o nome teu no inferno torvo!" E o Corvo disse: "Nunca mais."


Maravilhou-me que falasse uma ave rude ave dessa classe, misteriosa esfinge
negra, a retorquir-me em termos tais; nunca soube de vivente algum, outrora ou
no presente, igual surpresa experimente: a de encontrar, em sua porta, uma ave
(ou fera, pouco importa), empoleirada em sua porta e que se chame "Nunca mais.


Diversa coisa não dizia, ali pousada, a ave sombria, com  a alma inteira a se
espelhar naquelas sílabas fatais. Murmuro, então, vendo-a serena e sem mover
uma só pena, enquanto a mágoa me envenena: "Amigos... sempre vão-se embora.
Como a esperança, ao vir a aurora, ELE também há de ir-se embora." E disse o
Corvo: "Nunca mais.


Vara o silêncio, com tal nexo, essa resposta que, perplexo, julgo: "É só isso o que
ele diz; duas palavras sempre iguais. Soube-as de um dono a quem tortura uma
implacável desventura e a quem, repleto de amargura, apenas resta um ritornelo
de seu cantar; do morto anelo, um epitáfio: - o ritornelo de "Nunca, nunca, nunca
mais".





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Bul lhe Raven stili beguiling ali my sad soul into smiling,
Straight I wheeled a cushioned seat in front of bird and bust and door;
Then, upon lhe velvet sinking, I betook myself to linking
Fancy unto fancy, thinking what this ominous bird of yore -
What this grim, ungainly, ghastly, gaunt, and ominous bird of yore
Meant in croaking "Never more .


This I sat engaged in guessina, but no syllabe expressing
To lhe fowl whose fiery eyes now burned into my bosom's core;
This and more I sat divining, with my head at case reclining
On lhe cushion's velvet  lining that lhe lamp-light gloated o'er,
Bul whose velvet violed lining with the lamp-light gloating o'er
She shall presa, ah, nevermore!


Then, methought, the air grew denser, perfumed from an unseen
Swung by Seraphim whose foot-falls tinklel on the tufted floor.
"Wretch", I cried, "Thy God hath lent thee - by these angels he hath sent thee
Respite  - respite and nepenthe from thy memories of Lenore!
Quaff, oh quaff this kind nepenthe and forget this lost Lenore!"
Quoth lhe Raven, Nevermore.


"Prophet!", said I, "thing of evil! - prophet still, if bird or devil!-
Whether Tempter sent, ar whether tempest tossed thee here ashore,
Desolate, yet alI undaunted, on this desert land enchanted -
On this home by Horror haunted - tell me truly, I implore -
Is there - is there balm in Gilead? - tell me - tell me, I implored!
Quoth the Raven, nevermore.







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Como ainda o Corvo me mudasse em um sorriso a triste face , girei então numa
poltrona, em frente ao busto, à ave, aos umbrais e, mergulhado no coxim, pus-me
a inquirir (pois, para mim visava a algum secreto fim) que pretendia o antigo
Corvo, com que intenções, horrendo, torvo, esse ominoso e antigo corvo
grasnava sempre: "Nunca mais"


Sentindo da ave, incandescente, o olhar queimar-me fixamente  eu me abismava,
absorto e mudo, em deduções conjecturais Cismava, a fronte reclinada, a
descansar, sobre a almofada dessa poltrona aveludada em que a luz cai
suavemente, dessa poltrona em que ELA, ausente, à luz que cai suavemente já
nao repousa, ah! nunca mais…


O ar pareceu-me então mais denso e perfumado, qual se incenso ali descessem a
esparzir turibulários celestiais. "Mísero!, exclamo. Enfim teu Deus te dá,
mandando os anjos seus  esquecimento, lá dos céus, para as saudades de
Lenora. Sorve o nepentes. Sorve-o, agora! Esquece, olvida  essa Lenora! E o
Corvo disse: Nunca mais.


"Profeta! - brado. - O ser do mal! Profeta sempre, ave infernal que o Tentador
lançou do abismo, ou que arrojaram temporais de algum naufrágio, a esta maldita
e estéril terra, a esta precita  mansão de horror, que o horror habita, imploro, dize-
mo, em verdade . Existe  um bálsamo em Galaad? Imploro! dize-mo, em verdade !
E o Corvo disse: "Nunca mais.





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Prophet said I, "thing of evil! - prophet still, if bird or devil!
By that heaven a that bends above us - by that God we both adore -
Tell this soul with sorrow laden if, within a lhe distant Aidenn,
It shall clasp a sainted maiden whom the angels name Lenore -
Clasp a rare and radiant maiden whom the angels name Lenore."
Quoth the Raven, "Nevermore".


Be that word our sing of parting, bird or fiend!" I  shrieked, upstarting -
Get thee back into lhe tempest and the Night's Plutonian shore!
Leave no black plume as a token of that lie thy soul hath spoken!
Leave my loneliness unbroken! - quit lhe bust above my door!
Take thy beak from out my heart, and take thy form from off my door!"
Quoth lhe Raven, "Nevermore".


And the Raven, never flitting, still is sitting, still is sitting
On the pallid bust of Pallas just above my chamber door;
And his eyes have all the seeming of a demon's that is dreaming,
And me lamp-Iight o'er him streaming throws his shadow on lhe floor;
And my soul from out that shadow lhat lies floating on lhe floor
ShalI be lifted - nevermore!







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Profeta! exclamo. Ó ser do mal! Profeta sempre, ave infernal!
Pelo alto céu, por esse Deus que adoram todos os mortais, fala se esta alma sob o
guante atroz da dor, no éden distante, verá a deusa fulgurante a quem nos céus
chamam Lenora, essa mais bela do que a aurora, a quem nos céus chamam
Lenora!" E o Corvo disse: "Nunca mais!"


Seja isso a nossa despedida! - ergo-me e grito, alma incendida. - Volto de novo à
tempestade, aos negros antros infernais! Nem leve pluma de ti reste aqui, que tal
mentira ateste!
Deixa-me só neste ermo agreste! Alça teu vôo dessa porta!
Retira a garra que me corta o peito e vai-te dessa porta!"
E o Corvo disse: "Nunca mais!"


E lá ficou! Hirto, sombrio, ainda hoje o vejo, horas a fio, o alvo busto de Minerva,
inerte, sempre em meus umbrais.
No seu olhar medonho e enorme o anjo do mal, em sonhos, dorme, e a luz da
lâmpada, disforme, atira ao chão a sua sombra. Nela que ondula sobre a alfombra,
está minha alma; e, presa à sombra, não há de erguer-se, ai! nunca mais!

2 comentários:

Aмbзr Ѽ disse...

caramba, que post show...

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